Wednesday, February 22, 2006

Odysseus e O livro de Pandora



ODYSSEUS

Man, be my metaphor.
Dylan Thomas

Goddess of song, teach me the story of a hero.
Homer, The Odyssey

Lance-me bruxedos
A odiosa maga,
Mordam-me os rochedos
De dentes de fera
Onde o mar nos traga,
Ítaca me espera.

Alexei Bueno,
"Ítaca", Lucernário


SÉRIFOS
As portas nos roubam segredos.
Estátuas nos guardam sob o olhar milenar.

Os quadros retêm imagens
dos lugares onde passo os dias.
Panos recobrem a aridez dos tijolos,
almofadas roliças e travesseiros brancos,
flores bordadas em relevo
– geometria impossível
de visões que se sucedem.

As casas pousam sobre a montanha,
à beira de um caminho
de curvas repetidas.
Um jarro apóia-se na parede
– uma janela à direita,
uma porta à esquerda.

Torres acima dos tetos
persistem num longo murmúrio
sem arestas.


SERIPHOS
Doors steal our secrets.
Statues stare at us with its ancient glare.

The pictures retain images
of the places where I spend my days.
Cloths cover the hardness of bricks,
round cushions and white pillows,
flowers drawn in low-relief
– impossible geometry
of succeeding visions.

The houses rest over the mountain
at the edge of a
winding road.
A vase leans against the wall,
a window to the right,
a door to the left.

The towers above the roofs
insist on a long soft
murmuring tune.

MIKONOS

Ao longe,
as montanhas gastas
sobre o mar
vermelho da tarde.

Andavas a passos rápidos
para que eu não te visse?


MIKONOS

Far lay
the old mountains
over the red
afternoon sea.

Were you walking fast
so I would not see you?


LÍNDOS

A cidade se mantém
em seu ar perfeito
onde céu e horizonte
caem com o azul de outra tarde.
O braço recorta o lago.
As casas se avolumam no estreito,
abrindo outro mar sobre a terra.


LINDOS

The city is still
in its perfect air
where earth and sky
dusk with another shade of blue.
The arm cuts the lake.
The houses fill in the strait,
opening another sea over the land.

ATENAS

Tantas estátuas perderam
cabeças e braços.
Ficarão imagens mutiladas
daquilo que fomos?


ATHENS

So many statues have lost
their arms and heads.
Will they stand as mutilated images
of what we have been?


RODES

Onde o Colosso foi derrubado
restam as rendas e os quadros
de tantas faces como nunca se parecerão.
Por que guardas meu rosto?
Nem as flores nem os retratos
te lembrarão como sou.
O que guardas não sou eu.
Assim como os pratos da sala
verteram tudo que já contiveram.


RHODES

Where the Colossus was torn down,
there remain the laces and the pictures
of a thousand faces as they’ll never look again.
Why do you keep my picture?
Neither the flowers nor the portraits
will remind you of my face.
What you keep is not me.
Like the dishes in the living room
have already poured all they’ve once contained.


PÁROS

Toda vez que te olhava,
buscava ver-te como eras
ou, como eras para mim.
Tudo costumava ser mais simples
e eu não percebia que nos amávamos
por sermos diferentes.
Onde quer que eu vá,
saberei que és tu – e não outro –
a quem amo mais.

PAROS

Every time I looked at you,
I wanted to see you as you were
or even as you were for me.
Everything used to be simpler,
and I didn’t know we loved each other
because we were different.
Wherever I go,
I will know it is you – and no one else –
I love more.


HYDRA

As janelas abertas sobre o pátio
iluminam o jardim
que habitas com teus pensamentos.

Passeias pela varanda
– teu abrigo, mesmo na chuva.

Não há água que, ao cair,
não nos lembre de outros lugares,
onde também chovia.

HYDRA

The open windows over the patio
cast a light on the garden
that you inhabit with your thoughts.

You walk on your porch
– hiding from the rain.

The rain reminds us
of other places
where it once rained.


TEBAS

Cuidado,
esses lugares sangram,
essas paredes vertem um líquido
espesso de auroras e penumbras
– luz difusa e sombreada –
folhas mortas sobre um chão áspero.
Caminhos nunca seguidos
abrem-se aos poucos,
por onde olhares passam
e deixam rastros.

Cuidado,
a vida toma aquilo que dá
ao sorver as almas que existem nos vazios.
Janelas, portas, vãos de escada,
degraus que não levam à parte alguma,
livros intocados e paisagens retidas
em quadros empoeirados.
A vida retira dos ombros
os umbrais trespassados
com um gesto de adeus
que não se repetirá.


THEBES

Beware
these places bleed
those walls pour a thick
liquid of dawns and twilight
– a diffuse and shadowy light –
dead leaves over a rough floor.
Roads never taken
open little by little
where eyes pass
and leave traces.

Beware
life takes back what it gives you
sipping the souls that fill the voids.
Windows, doors, stair vaults,
steps leading nowhere,
unopened books and retained landscapes
on dusty paintings.
Life uplifts from your shoulders
the trespassed thresholds
with a last and sole sign
of farewell.


AEGINA
Para Mirian Paglia Costa

Passemos às coisas interminadas:
a sala tomada pelo escuro,
o copo ainda com perfume,
talheres e pratos sobre a mesa
e, em tudo, o tom do absoluto,
embora nada permaneça o mesmo
por muito tempo.

Passemos às coisas intangíveis:
mãos que guardam toques,
lábios que escolhem palavras sem dizê-las,
olhos que retêm visões
e, em tudo, sentimos outro gosto,
pois vivemos apenas em memória.

Passemos, então, às coisas etéreas:
sonhos que decifram a ausência,
desejos que revisitam os corpos,
esperas que embalam todos os momentos
e, em tudo, descobrimos apenas o outro nome
pelo qual seremos conhecidos.


AEGINA
For Mirian Paglia Costa

Let’s pass to the unfinished:
the dim light room,
a glass still holding its perfume,
silverware and dishes on the table
and the absolute resting on everything,
although nothing is the same
for too long.

Let’s then pass to the intangible:
hands keeping their touch,
lips leaving words unsaid,
eyes holding visions
and everything has a new taste,
as we live only by memories.

Let’s now pass to the ethereal:
dreams deciphering the absence,
longings unknowingly revisiting the bodies,
the waiting rocking all the moments
and, in everything, we just find the other name
by which we will be known.

KHÁLKIS

Há um sofrimento prematuro
nas pálpebras,
nos olhos semi-cerrados,
no líquido que escorre sem ruído,
nas mãos,
no dorso claro.
As horas são talhadas a frio,
à espera da morte:
outro ouvido que escute o canto.
(Sobre as coisas postas não há sossego.)

Ainda que teça com dedos frágeis,
o tempo se estende sem retorno
– traços apagados de um outro desenho.


KHÁLKIS

There’s a premature suffering
over the eyelids,
in fairly closed eyes,
in the silent flowing liquid
over your hands,
over your light skin.
The hours have been carved in cold,
waiting for death:
another ear listening to the tune.
(There is no calm in stillness.)

Although I weave with fragile fingers,
time flows endlessly
– blurred traces of an ancient picture.

BIBLOS
De fato, o livro surgia ante meus olhos
como um monumento.
Jorge de Lima

Eis o livro aberto,
as páginas brancas aguardando o poema,
antes mesmo de ser escrito.
O livro é anterior ao texto.
Eis-me áugure do momento irrealizado,
a decifrar o mito contido nas palavras:
as imagens jorram como água
sobre o papel,
o único a reter a vaga e a poesia,
forjando na pedra
o que já tinha sua forma
e, mesmo interminado,
é como deveria ser desde o princípio:
monumento pronto antes de concebido.

BIBLOS
In fact, the book rose like a monument
before my eyes.
Jorge de Lima

Here’s the open book,
the white pages waiting for the poem
even before it was written.
The book exists before its text.
Here I am, the seer of the unfulfilled moment,
deciphering the myth contained in the words:
the images pour like water
on the paper,
the sole to retain the wave and the poetry,
forging on the stone
what already had its form
and, even unfinished,
it is what it should be since the beginning:
a monument before being conceived.

DARDANELOS

Ares rarefeitos,
conchas bipartidas,
a praia aos pés dos caminhantes,
a desejar outro mar, outros peixes sob as águas,
torvelinho,
mansidão alargada nos braços frouxos,
mãos ainda túrgidas,
cravadas na doce aspereza da areia.
Caminhemos por onde outros caminharam,
vaguemos por onde outros já vagaram,
busquemos o segredo
que outros ainda não descobriram
e deixemos passar as manhãs sob nossos olhos.
Seres improváveis de outro tempo
– únicas testemunhas do abismo.


DARDANELOS

Rarefied airs,
open shells,
the beach under the travelers’ feet
longing for another sea, other fishes in the waters,
turmoil,
enlarged languor in loose arms,
hands still turgid,
feeling the sweet roughness of sands.
Let’s tread where others have trodden,
let’s wander where others have wandered,
let’s seek the secret
others have not yet found
and we’ll let the mornings pass under our eyes.
Improbable beings of an unknown time
– sole witnesses of the abyss.

MÁRMARA
Para Carlos Prudente

Entre dois estreitos,
um passado e outro futuro,
mar que oculta outro mar adentro,
buscando a outra margem
do mesmo oceano intransponível.
Cidades distantes abandonadas,
Tiro, Éfeso, Corinto,
passam sob o mesmo arco
improvável.
Cordas retêm o barco que oscila,
escotilhas abertas,
velas enfunadas,
o mastro a cortar o céu
: tua partida ainda é um mistério.

MARMARA
For Carlos Prudente

Between two straits,
past and future,
a sea hiding another sea,
searching for the other margin
of the same impassable ocean.
Abandoned and distant cities,
Tyro, Ephesus, Corinth,
go under the same improbable
arch.
Ropes hold an unsteady boat,
open hatches,
blown sails,
the mast cutting the sky
: your departure is still a mystery.

ARGOS

Eu te amo,
imóvel e inamovível,
murmurando o ciclo de auroras.
Mãos, toques e abraços,
conchas para ouvir tua voz
– tua voz sempre próxima ao ouvido.
A pele ardendo, febre seca,
a sorver os sons da tempestade.


ARGOS

I love you,
unmoving and unmovable,
murmuring the cycle of dawns.
Hands, touches and embraces,
seashells to hear your voice
– your voice always close to my ear.
The skin burning, dry fever,
engulfing all the noises of the tempest.

DELFOS

Eis que estamos às vésperas do dia,
inertes à espera do imponderável.
Todo esquecimento é memória.
A história retoma sua curvatura,
voltando ao passado e é presente.
Reiniciamos o ciclo interminável
– exaustos e imensos.


DELPHI

Here we are on the eve of morrow,
unmoving, waiting for the imponderable.
Our memory has been forgotten.
History regains its curvature,
returning to the past and it’s present.
Again we begin the endless cycle
– exhausted and immense.

CORINTO

Confidente e herege,
move-te uma paixão absurda,
enquanto vagas sob as pilastras
erguidas há muito tempo.
Vazias estão as aras,
amplas salas sem paredes,
janelas sobre um horizonte escuro,
casas muradas suspensas pela noite.
Não andarei mais sozinha pelos campos
a ouvir a melodia dos riachos
e a sentir o vento cortar a pele.
Nada se parece com o que foi feito.
O tempo não regressa
aos jardins do nada.


CORYNTH

Confident and heretic,
moved by an absurd passion,
while you wander amid the pillars
standing there for an endless time.
Empty altars,
large rooms with no walls,
open windows over a dark horizon,
houses walled by the night.
I’ll no longer walk alone down the fields,
listening to the rivers singing,
feeling the wind cutting my skin.
All is anew.
Time does not return
to empty gardens.


THÍRA

O oceano te contorna – ilha protegida.
Tuas mãos transformam tudo em movimento
(asas de um vôo ainda não iniciado).
Assim como os poemas
– cordas verticais –
para subirmos e descermos
o abismo.


THERA

The ocean rides in circles – protected island.
Your hands make everything move
(wings of an untried flight).
Just like the poems
– vertical ropes –
to take us down and up
the abyss.


KÁRPATHOS
Para Carlos Drummond de Andrade, i.m.

Teu gesto permanecerá no vácuo,
tua imensa mão sobre o mundo.

Nunca me pertenceste.
Eu é que te pertenci,
por tanto tempo,
embalada em teu colo frágil.


KARPATHOS
For Carlos Drummond de Andrade, i.m.

Your gesture will remain in the void,
your immense hand above us.

You never belonged to me,
but I belonged to you
for a long time,
wrapped in your fragile embrace.

KHÍOS

Impossível ser
quanto mais
porque não somos nada.

Brisa talvez matutina
qualquer visão sobre o mar.

Olhos mareados a esmo
buscam gaivotas nas pedras.

Estranho granito repentino.


KHIOS

It is impossible to be
mainly
because we are nothing.

Maybe a morning breeze
any view over the seas.

Rough eyes at random
look for seagulls beyond the rocks.

Strange and sudden granite.


ANDROS

Vinhas escorrem até tuas margens,
misturando às águas
o ácido torpor diluído
sobre teu corpo aquoso.
Tantas manhãs revisitei,
tua paisagem sinuosa
a escorrer sobre a terra
– invisível e incansável gigante.


ANDROS

The vines flow to your margins,
mixing the waters
to the diluted acid torpor
of your liquid body.
I have revisited so many mornings,
your sinuous landscapes
running over the land
– invisible and relentless giant.


KÁROS

A cidade sobre o monte
descortina outra terra
onde dorme
após séculos de espera.
Teus navios zarparam
e tudo que procuras
há muito se fez ao mar.


KÁROS

The city over the mountain
unveils another land
where it sleeps
after centuries of waiting.
Your ships have left
and everything you want
has long made to the sea.


MISTRAS
Para Neide Archanjo

Nenhuma manhã te trará de volta,
pois, antes que vás,
já terei partido.

Não importa teu nome
e nenhum sentido para o que és.
Lançaste teu último dardo na neblina.
A terra te coloca sobre o dorso
– cavalgas a pradaria infinita.


MISTRAS
For Neide Archanjo

No morning can ever bring you back
as, before you go,
I will have been gone.

It doesn’t matter your name
or who you are.
You’ve cast the last dart into the mist.
The earth poises you on its back
– you ride the endless prairie.



THE BOOK OF PANDORA
O LIVRO DE PANDORA


Para Ana Heloísa Páscoli, in memoriam


Quem a essa hora
bate à porta?
Decerto Pandora
e sua caixa.


Decerto Pandora
e sua caixa
de esperanças repleta.

Luiz Ruffato, in As máscaras singulares



Ouvi teu nome, amor, por vários nomes
quando tentado era nomear
o inomeado.


Os vários nomes, amor, por que te chamam,
por nenhum deles pude
te chamar.

Olga Savary, in Repertório Selvagem



Penélope

Venceste e agora repousas tua cabeça sobre as mãos que lutaram a última batalha – gládio partido, herói sem honrarias. A noite retorna e esfria teus membros, soldado de campanha sem abrigo. Venceste, e a terra esfacela-se sob teus pés, a boca seca sem vinho, enquanto aguardas voltar à tua casa, onde te espero no vazio.

Penelope

You’ve won and now you rest your head on your hands that fought the last battle – broken sword, no honors for the hero. The night returns and cools your limbs, such a sad campaign soldier under the open sky. Yes, you’ve won the war and the land crumbles under your feet, no wine for your thirsty mouth, as you wait to come back home, while I wait for you – in an empty room.

Circe

Sejamos únicos, nervos aflorados e temor de mãos pousadas sobre os ombros, antecipando a sede (copiosa sede de estar ausente), porque tudo se repete – e o sabemos. Mesmo que estejamos sós, saberemos anunciá-lo ao mundo.

Circe

Let’s be the ones, light nerves and fearing hands resting on wide shoulders, anticipating our thirst (the immense thirst of absence) because everything is the same again – and we know it. Even if we live alone, we’ll make the world know about us.

Helena

Já esquecemos quanto tempo nos debruçamos sobre as amuradas, onde o estreito testemunhava a passagem de barcos tão longínquos quanto a nossa espera. Não fomos aceitos para entrar na ara. Templos de colunas altíssimas cortam o céu escuro. Lágrimas escorrem de teus pequenos olhos. Tudo que és, te faz ainda mais bela.

Helena

We forgot how long we’ve leaned against the city walls, as the strait witnessed the passage of boats that came from far as our waiting. We were not welcome to enter the sacrifice room. High column temples pierce the dark sky. Tears drip from your tiny eyes. Everything you are makes you look even more beautiful.


Ártemis

Sou tua irmã esquecida, o braço estendido à espera do aceno, pilastra sobre o rochedo a contemplar o pôr-do-sol. Meus seios palpitam sob o véu branco, a cabeleira sobre os ombros e, livre, estou mais próxima dos ventos, das correntezas do mar escuro, porque não me conheces.

Artemis

I’m your forgotten sister, a stretching arm waiting to bid you farewell, a pillar standing on the rock facing the dusk. My small breast pants under the white veil, my hair falling over my shoulders and, being free, I'm much closer to the winds and the deep black sea currents because you don’t know me.

Leda

Trago nas mãos o segredo revelado. Com um gesto, te recolho ao leito e meu quarto recende a jasmim. Pátios abertos de minha fortaleza abandonada, à espera do pássaro, que, à noite, virá pousar sobre meus ombros.

Leda

I hold the disclosed secret in my hands. With a sign, I lure you to my bed and my room smells like jasmine. The open patios of my abandoned fortress wait for the huge bird that at night will rest upon my shoulders.

Dânae

Teu fascínio é minha voz, que pensas ouvir, mas não ouves e, em teu estupor, febre tamanha, me materializas em corpo. (Mestre, as aves estão mortas, não ouço mais seus guinchos. Por que as mataste? Que mal fizeram a ti?) O mais abominável silêncio te eleva na noite fria e te abandona na alta torre de tua morada de pedra.

Dane

You're fascinated by my voice, that you think you listen, but you don’t and, in your fantasy, like high fever, you incarnate my voice into my body. (Master, the birds are dead, I can’t listen to them screaming. Why have you killed them? What evil have they done to you?) The most abominable silence lifts you in the cold night and leaves you on the highest tower of your stone fortress.

Ninfa

Meu corpo escorrega pelo musgo, lançando-me nas águas, uma visão de qualquer sonho que não tive. Sonhei ter. Quis sonhar. Quis estar mais perto de ti, de quem me tiraram quando criança e jamais consegui reencontrar. Te perdi e perdi a mim.

Nymph

My body slips through the moss and I bathe in cold waters, a vision of a dream I’ve never had. I’ve dreamed I've had. I wanted to have had. I wanted to be closer to you because you were taken away from me when I was a child and I've never found you again. I’ve lost you and I've also lost a part of me.

Atena

Ergo os cabelos e, com as mãos, prendo-os com um laço. Minhas flechas repousam sobre o chão, o arco caído, enquanto a caça escapa. Deusa de homens cruéis, sussurro-lhes os poemas que só podem ouvir de minha voz. Apenas minha voz te aproxima de mim.

Athena

I lift my hair on the top of my head and tie it with a ribbon. My bow and arrows lie on the ground as the prey runs away. Goddess of cruel men, I whisper them poems they can only listen from my lips. Only my voice make you come closer to me.

Medeia

Devoro os filhos perdidos nos partos, nas águas, nas guerras, nas criptas, nos gritos na escuridão. Minhas mãos quebram as ondas que batem contra os rochedos. São minhas as mãos que partem os cascos dos navios que se arremessam contra a praia.

Medea

I eat the children women have lost in stillbirths, in the waters, in wars, in crypts, in moans in the darkness. My hands break the waves that beat against the rocks. My hands crush the hulls of the ships as they hurl against the shore.

Calipso

A magia não me trouxe o amor que busquei, nem todas as poções conseguiram prender o homem que escolhi. Vago sob a bruma à beira-mar, à espera do amado que partiu. Meu rosto sob as sombras, meus longos cabelos a envolver tudo o que mais quis e jamais tive.

Calypso

The magic hasn’t brought me the love I’ve looked for, nor have the love potions held the man I’ve chosen. I wander along the beaches under the mist, waiting for my parted lover. My shadowed face, my long hair wrapping everything I’ve wished for but never had.

Nereida

Meus cabelos navegam junto ao meu corpo que oscila. Pudesses tocar minhas mãos, as unhas cobertas de pérolas, a dedilhar uma canção inaudível. Arrasto-te com meu canto às profundezas, até dissolver nossos corpos e não pertencermos mais um ao outro.

Nereid

My hair floats along my waving body. If you could only touch my hands, my pearl lightened nails, fingering an inaudible song. My singing makes you go deeper into the sea until our bodies dissolve, and we no longer belong to each other.

Sirena

Ao longe, vês minha forma esguia mergulhar nas águas do lago. Meu corpo se cobre de pétalas, a nudez mal escondida pela vaga. Deixo-me levar pela corrente de meu próprio destino, cálida figura marinha, fria tez de peixe.

Siren

From afar, you can see my slender body plunging into the lake. My body covered with petals, my bare skin barely hidden by the waves. I let myself flow in the current of my own destiny, a warm sea figure, in a cold fish skin.

Pandora

Repete meus versos comigo. Diga-me o que queres me dizer. Fala-me de ti e te ouvirei murmurar teu pranto, teu sonho, teu desespero. Nada posso te dar, senão minhas mãos tão pequenas. Acalenta-me esta noite e te ofereço meus lábios, como flor colhida ao acaso.

Pandora

Repeat my verses after me. Say what you want to tell me. Talk about yourself and I’ll listen to your murmuring cry, your dream and your despair. I can only give you my small hands. Cherish me tonight and I’ll offer you my lips, as a flower picked by chance.

Galatéia

Nada mais existe. Nada mais é possível ter ou descobrir. Conheces todos os meus segredos. Sabes quem sou e o que quero. Eu, que nunca me pertenci, agora pertenço a ti.

Gallatea

Everything is gone. Nothing was left to be taken or discovered. You know all my secrets. You know who I am, and what I want. I, that never belonged to myself, now I belong to you.

Musa

Caminharei todos os caminhos, enquanto houver sol, enquanto houver terra, enquanto souber que me aguardas. Passarei por todos os portos, até atingir tua forma impossível, teu rosto belo e imutável, minha boca a sussurrar os cantos que entoo para ti.

Muse

I’ll walk all the roads, while there’s still sun, while there’s still land, while I know you're waiting for me. I’ll wander along all ports until I reach your impossible form, your beautiful and unchangeable face, my mouth whispering all the songs I sing for you.

Eco

Em meu delírio, lembro-me de ti. Em meus sonhos, vago seminua e triste. Pudesse estar mais perto, quando choras, quando suspiras, enquanto esperas. Não te peço nada, senão a bênção de estar a teu lado, invisível e presente, esquecida e constante, como uma sombra que não vês. Sou teu sopro, enquanto respiras.

Echo

In my madness, I remember you. In my dreams, I wander half-naked and weary. If only I could be nearer, when you weep, when you sigh, while you're waiting. I ask nothing, except the sole blessing of being next to you, invisible and present, forgotten and constant, a shadow you cannot see. I am your breath while you breathe.

Sibila

As colunas se erguem sobre a montanha. Verde frescor de matas virgens a ocultar segredos entre as folhas, fazendo passar por meu corpo a vívida lembrança de tuas mãos. Toca-me e serás bendito. Esquece-me e perderás a razão.

Sybille

High columns stand atop the mountain. The green freshness of wild forests hides secrets among the leaves, smoothing my body with the vivid memory of your hands. Touch me and you’ll be blessed. Forget me and you’ll go mad.

Ariadne

Nada mais fiz que esperar. Nada mais quis a não ser que viesses. Eras por quem eu ansiava e, ao mesmo tempo, não sabia se vinhas. Depois que foste, senti-me só e desesperada. Nunca esperei que viesses. Jamais esperei que partisses.

Ariadne

I’ve waited. I’ve wished you could come. I've waited for you but, at the same time, I didn’t know if you would come. After you've left, I felt alone and desperate. I’ve never waited for you to come. I’ve never thought you'd go away.

Leucoteia

Tua força dobra meu corpo. Sou tua e, mesmo assim, não sou quem te afaga. Não sou quem te faz feliz. Me tomas como tua única amada, e bem sei que não sou. No entanto, ao partir, me levarás contigo, não importa aonde vás.

Leucotea

Your strength bends my body. I’m yours and yet, another hand caresses you. I'm not the one who makes you happy. You figure me as your only lover, though I know well I’m not. When you leave, you’ll take me with you, no matter where you go.

Dafne

Sempre esperei. Sempre esperei por ti, mesmo sem saber a hora. Se vinhas, não sabia quando partias. Importava apenas que viesses, antes que tudo terminasse.

Daphne

I’ve always waited for you. I’ve always waited for you, even not knowing when you would come. If you were coming, I wouldn't know when you were leaving. It only mattered that you were coming, before everything ended.

Nausícaa

Olha-me como algo que perdeste. Nunca fui tua. Jamais serei o que queres que eu seja. Mesmo que me prometas, sei que terás de ir e jamais caminharemos a distância que nos separa um do outro.

Nausicaa

Look at me as something you’ve lost. I've never belonged to you. I’ll never be what you want. Even if you promise, I know you’ll have to go and we’ll never walk the distance that lies between us.

Artemísia

A tarde termina. Quantos finais de tarde já assisti? Quantas noites tive de passar incólume, ensimesmada e muda, visitante indesejada do acaso? Tu me deste a certeza de que serei sempre só, mesmo estando plena de ti.

Artemisia

Another afternoon ends. How many dusks have I witnessed? How many nights I had to go unhurt, self-absorbed and silent, an undesired visitor of chance? You’ve made me know I'll always walk alone, even having enough of you.


***********************************************************************************

VIAGEM PELOS MITOS CLÁSSICOS
Astrid Cabral

Desde o título, Odysseus & O livro de Pandora, Thereza Christina Rocque da Motta assinala, de maneira inequívoca, a atmosfera mítica de seu novo livro, o nono em assíduo percurso literário, marcado pela fiel devoção ao gênero poético.
Ao empreender viagem lírica, rumo a longínquas paisagens e em busca de personagens sobrenaturais, a autora dá as costas ao tempo presente, à violenta e reles realidade, não só do cotidiano brasileiro, como também mundial, com seu clima de agressão e medo, de mega-poder e extrema vulnerabilidade.
Creio que há, nessa temática de aparente evasão, um protesto surdo, como as utopias se constroem em cima da recusa, frutos da insatisfação diante da realidade imediata com que se convive a contragosto. A fantasia do passeio surge, pois, feito manobra redentora, para suprir a sensação de impotência diante de um mundo que nos escapa e esmaga.
A opção de TCRM permite que ela rejeite o precário presente cronológico e passe ao tempo primordial, tornando-se contemporânea dos mitos, em experiência de fundo religioso, como a identificam os estudiosos do assunto.
Mircea Eliade assim nos esclarece: “Numa fórmula sumária, poderíamos dizer que, ao ‘viver’ os mitos, sai-se do tempo profano, cronológico, ingressando num tempo qualitativamente diferente, um tempo ‘sagrado’, ao mesmo tempo primordial e indefinidamente recuperável”
Sabe-se que a utilização dos mitos, quer os de consagrada origem greco-latina, quer os de modesta proveniência indígena, é uma constante criadora em todos os campos da arte. A tradição literária, de qualquer época ou escola, oferece exemplos em que os escritores recorreram a esse riquíssimo manancial, revelador dos labirintos e abismos da condição humana.
Esta não é a primeira vez que TCRM manifesta fascínio pelos veios mitológicos. Em Joio & trigo, seu terceiro livro recém reeditado em 2004, Claudio Willer, em arguto prefácio, chama atenção para o fato de que o livro “não é propriamente poesia mítica nem cosmogonia estruturada, porém mais uma poesia pré-mítica.” E acrescenta: “Neste e em textos anteriores da mesma autora, há um tender em direção ao mítico, um ritual propiciatório e uma reflexão sobre as contradições entre o poeta e a sociedade...”
Ao analisar-se seu último livro, percebe-se logo o manuseio original que faz da matéria clássica, envolvendo o périplo marítimo do herói homérico Ulisses e a caixa de Pandora. TCRM parte da constatação de que os mitos constituem um conhecimento compartilhado por seus leitores, embora não o seja pela sociedade de massa e, assim, não se preocupa em recapitular episódios ou deter-se em informações pormenorizadas a respeito de heróis e divindades. Além disso, sabe-se que o mito é sobretudo uma história, e por isso mesmo núcleo narrativo por excelência. De modo surpreendente, a autora evita a dinâmica do encadeamento factual, a costumeira sucessão de acontecimentos, e essa omissão de qualquer esclarecer didático serve para aprofundar o clima de silêncio que suas lacônicas palavras geram, providenciando com eficácia a magia do mistério. O que, por outro lado, contribui para estabelecer um tempo estático, e por isso mesmo eterno, fadado a perdurar per saecula saeculorum, mas que, paradoxalmente, não lhe impede a captação do efêmero, da unicidade de cada momento, e que desponta em algumas passagens como no poema Tebas:

A vida retira dos ombros
os umbrais trespassados
com um gesto de adeus
que não se repetirá.

Também em Aegina, lêem-se versos que retomam a idéia heraclitiana da constante mudança:

(...) embora nada permaneça o mesmo/ por muito tempo.

O livro compõe-se de duas partes distintas, como já se vislumbra pelo título, e que se equilibram pela simetria de 22 poemas cada. Na primeira, o princípio estruturador é a presença invisível, se bem que emblemática, do viajante Ulisses, ao longo da travessia que a poeta empreende pelo mar Egeu e a costa mediterrânea. Não se trata porém de viagem épica, movida a peripécias e percalços, e sim de percurso lírico, desenhado pela visão interiorizada da autora, em função do contato geográfico com os locais abordados. Observe-se que a travessia propriamente marítima permanece latente, apenas subentendida, em virtude do pendor ao silêncio e da concentração no essencial, que caracterizam a prática poética de TCRM. A cada lugar ou ilha visitada, corresponde a ilha de um poema e mesmo as cidades continentais referidas, Atenas, Tebas, Corinto, são tomadas de maneira isolada. A autora não explicita o vaivém entre as terras firmes e só de raspão surgem alusões ao indispensável mar. Em Mikonos “as montanhas gastas/sobre o mar/ vermelho da tarde”, em Mármara “mar que oculta outro mar adentro” e em Thíra “o oceano te contorna – ilha protegida”.
Nos poemas de Odysseus, mesclam-se ao olhar físico sobre a paisagem as sensações íntimas da escritora, estabelecendo-se uma espécie de diálogo entre a natureza do exterior grego e a sensibilidade pessoal, através de intensa troca dos mundos objetivo e subjetivo. Tal intercâmbio se manifesta pelo emprego de uma enigmática segunda pessoa, através de declarações que sugerem como interlocutor, ora a própria poeta em conversa consigo mesma (em Hidra: “Passeias pela varanda / – teu abrigo, mesmo na chuva.”), ora com a paisagem antropomorfizada. Em Rodes: “Por que guardas meu rosto?” / ...O que guardas não sou eu”, em Kárpathos: “Nunca me pertenceste./ Eu é que te pertenci, / por tanto tempo, / embalada em teu colo frágil.” em Mistras: “Lançaste teu último dardo na neblina. / A terra te coloca sobre o dorso / – cavalgas a pradaria infinita.”
Que a autora viaja movida por bússola desligada da lógica corriqueira, impulsionada sobretudo pelos ventos da fantasia, afere-se pelo extravio que significa a inclusão de Biblos em roteiro eminentemente grego. É que Biblos deu à luz a escrita. Foi nessa cidade da costa mediterrânea, hoje museu a céu aberto, que se descobriu no sarcófago de Hiram do século XIII a.C., texto fenício com o mais antigo alfabeto conhecido até hoje. O local arqueológico inspira-lhe um dos poemas mais belos da série, pois TCRM é desafiada “a decifrar o mito contido nas palavras” e defronta-se com o momento inaugural, fundador de um dos acontecimentos mais importantes na história da civilização humana:

Eis o livro aberto,
as páginas brancas aguardando o poema,
antes mesmo de ser escrito.
O livro é anterior ao texto.

Perpassa o conjunto dos poemas um sentimento de respeito e adoração que se faz acompanhar de acento sapiencial. Em Tebas a autora adverte: “Cuidado, / esses lugares sangram, / essas paredes vertem um líquido / espesso de auroras e penumbras” e mais adiante

“Cuidado, / a vida toma aquilo que dá”.

Em Delfos aflora o tom paradoxal inerente aos oráculos:

“Todo esquecimento é memória”

O Livro de Pandora, segunda e última parte do livro, reúne uma coleção de vozes correspondentes a elenco de mulheres, cuja força simbólica conquistou-lhes a sobrevivência na memória do Ocidente. Qualquer caixa traz em si a ambígua idéia do cofre, repositório de coisas a serem preservadas, mantidas em segredo, por seu valor ou periculosidade. Essa famosa caixa nos remete à história da primeira mulher na mitologia grega. Zeus encomendou a Hefestos a bela e poderosa Pandora, com o intuito de que constituísse a ruína do seu rival Prometeu, o qual a rejeitou na desconfiança das dádivas de casamento que a acompanhariam. Inadvertidamente, o irmão deste tomou-a por esposa e, ao abrir a caixa dos presentes, liberou todos os males capazes de afligir o mundo. Segundo algumas versões, de bom só restou a esperança.
Aqui, como no anterior grupo de poemas, TCRM se permitiu livre escolha na seleção dos elementos mitológicos. Antes de tudo, não se prendeu ao anedótico que resultaria seguir com minúcia os dados biográficos de cada figura. Escolheu 22 mulheres marcadas por momentos dolorosos. Adotou um enfoque dramático, pois as vozes irrompem do eterno em falas identificadoras, ao se apresentarem em momentos chave ou situações existenciais carregadas de pathos. São discursos breves, em geral emitidos pela própria personagem. Desse modo, ouvimos Penélope dirigindo-se a Ulisses: “Venceste e a terra esfacela-se sob teus pés, a boca seca sem vinho, enquanto aguardas voltar à tua casa, onde te espero – no vazio” e também Nausícaa: “Olha-me como algo que perdeste. Nunca fui tua. Jamais serei o que queres que eu seja. Mesmo que me prometas, sei que terás de ir e jamais caminharemos a distância que nos separa um do outro.” Mais adiante, o depoimento da apaixonada e vingativa Medéia, celebrada na homônima tragédia de Eurípides: “Devoro os filhos perdidos nos partos, nas águas, nas guerras, nas criptas, minhas as mãos que partem os cascos em gritos na escuridão. Minhas mãos quebram as ondas que batem contra os rochedos. São dos navios que se arremessam à praia.”
Todas as falas dessa galeria de mulheres míticas – deusas, ninfas, nereidas, feiticeiras – parecem enfatizar a presença de Eco devido à condição de voz desencarnada, pois a tal se condenou esta ninfa, em conseqüência de seu amor incorrespondido por Narciso, de acordo com uma das versões, ou por desprezar o amor de Pan, conforme outra. O fato é que a seqüência de vozes monologais, destituídas de corpos, dá ao leitor uma impressão de teatro fantasmagórico. Por se constituírem em discursos despojados de bocas, na ausência de espetáculo com atrizes, a realidade instaurada é pura e intensamente verbal. Nesta parte do livro, TCRM abriu mão de estrofes e versos e, em prosa de vocabulário elevado, inclinou-se mais para o coloquial, fazendo algumas interrogações, ainda que de cunho retórico, porque sem possibilidade de resposta devido à ausência de interlocutor.
Se os poemas de Odysseus representam ilhas geográficas, as falas de O livro de Pandora também se apresentam como vozes ilhadas num tempo conjurado pela imobilidade do eterno. Penso que a fragmentação estética, subjacente ao itinerário espacio-temporal da obra, reflete nossa contemporaneidade altamente descontínua, pois nesta tudo se pulveriza e se estilhaça. Reside no texto, portanto, o genuíno timbre desta época profana que o tema, de inerente viés religioso, não conseguiu eliminar. Note-se que a autora valeu-se dos mitos sem ortodoxia, apropriando-se deles de maneira metonímica e bastante pessoal, criando uma leitura que prima pelo inédito. Enfim, usufruiu a liberdade que entre nós é legítimo direito do artista, desde a reivindicação modernista de Mário de Andrade.
TCRM, ao fazer seu livro em edição bilíngue, mostra-se também antenada nas atuais necessidades de comunicação, que devem ser bem amplas na esfera cultural. Ao não deixar a tradução para etapa posterior, adianta-se e proporciona aos leitores o prazer simultâneo de ver o pensamento caminhar por sendas paralelas em português e inglês.


Thereza Christina Rocque da Motta was born in São Paulo, in 1957. She’s a poet, attorney, publisher and translator. She worked as chief researcher for the Brazilian Guinness Book of Records in 1992. She published Sun Dial (Relógio de Sol, 1980), Rice Paper (Papel Arroz, 1981), Tares & Wheat (Joio & trigo, 1982), Sands (Areal, 1995), Sabbath (1998), Dawn (Alba, 2001), Chiaroscuro – Poems in the dark (2002), Lilacs/Lilases, in a bilingual edition (2003) and the poster-poem Tenth Moon (Décima Lua, 1983). She has translated Shakespeare, Anne Morrow Lindbergh, John Keats, Lord Byron, Oscar Wilde, W.B. Yeats, e Charles Dickens Among her unreleased books are Lazuli, Love and Wings, Flamingo View, Spree, Pairs, Let’s, Shell to the Sea (translated poems), The desert crossing, Undivided, Walk in beauty, Gest, Marco Polo & The Blue Princess, It’s only football – A team of poems, Columbus, Desdemona’s song and the play Brief Encounter. She lives in Rio, where she organizes and takes part in poetry readings in bookstores, theaters and cafés. She took part in the II International Meeting of Women Writers, in Rosario, Argentina, in August 2000 and at the Conference on World Affairs, at the University of Colorado, at Boulder, CO, USA, in April 2002, 2003 and 2005. She belongs to REBRA (Women Writers’ Net – www.rebra.org) since 1999 and LIBRE (Publishers’ Brazilian League) since 2002. She founded Ibis Libris in 2000.

Thereza Christina Rocque da Motta nasceu em São Paulo, em 1957. É poeta, advogada, editora e tradutora. Trabalhou como chefe de pesquisa da primeira edição brasileira do Guinness – O Livro dos Recordes, publicado pela Editora Três, em 1992. Publicou Relógio de Sol (1980), Papel Arroz (1981), Joio & trigo (1982), Areal (1995), Sabbath (1998), Alba (2001), Chiaroscuro – Poems in the dark (2002), Lilacs/Lilases, em edição bilíngüe (2003) e o pôster-poema Décima lua (1983). Traduziu Shakespeare, Anne Morrow Lindbergh, John Keats, Lord Byron, Oscar Wilde, W.B. Yeats, e Charles Dickens. Entre seus livros inéditos estão: Lázuli, Amor e Asa, Olhar Flamingo, Folias, Pares, Let’s, Shell to the Sea, Estio, Uno, Walk in beauty, Gesta, Marco Pólo & A Princesa Azul, Futebol e mais nada – um time de poemas, Colombo, O canto de Desdêmona e a peça teatral em um ato Breve anunciação. Vive no Rio, onde participa de leituras de poemas em livrarias, teatros e cafés. Organiza o Ponte de Versos, junto com Ricardo Ruiz e Gilson Maurity, desde setembro de 2000. Participou do 2o Encontro Internacional de Escritoras, em Rosário, Argentina, em agosto de 2000 e da Conferência sobre Assuntos Mundiais, na Universidade do Colorado, em Boulder, Colorado, EUA, em abril de 2002, 2003 e 2005. Faz parte da Rebra (Rede de Escritoras Brasileiras – www.rebra.org) desde 1999 e da LIBRE (Liga Brasileira de Editora) desde 2002. Fundou a Ibis Libris em 2000.